DEZ EM UMA

Numa segunda onde parece que Lúcifer resolveu tirar uma com a minha cara e ligou o ventilador, acordo como todos os dias às 6 da matina, de manhã entre um email, uma orkutada, uma ligação, cuido das crias, ajudo na lição de casa, coloco uniforme, dou almoço e levo prá escola. A tarde é prá lá de corrida, entre um orçamento, umas ilustrações, um texto, uma reunião e alguns suspiros aleatórios.

Busco as crias na escola, tomo um banho, passo uma maquiagem e com ar de "estou óteeeema" lá vou eu prá outra reunião, que começa quase 21 e termina quase meia-noite. Me dou o direito de sair com cara de "mano, num guento mais!". Casinha, surtos no msn com amiga, gar.ga.lha.das e a tão sonhada cama lá pelas duas e trá-lá-lá.

Seis da matina, de pé again, levando a "cria" mais velha prá escola rola o diálogo:

_ Mãe, a mãe da Mirelle é igual vc, trabalha em casa, é freela.

_ Ah que bacana filha, é bom porque aí dá pra acompanhar as meninas de perto, o que ela faz?

_ Não sei mãe, mas é coisa de relatório não de desenho. Sabe, o pai dela é que trabalha mesmo, igual o papai.

silêncio e rancor dentro de minha pessoa... penso: oh que aquele merda tá falando prá elas?

Nem 10 minutos depois, toca meu celular, aflita que sou, enquanto procuro o celular dentro da bolsa, penso: fodeu! aconteceu algo com meus pais, irmãos, amigos... quem ligaria as 7 da matina? [sim, tenho esse lance de ser um tanto dramática - numa sexta dessas qq, em que o pai das meninas tinha viajado a trabalho e deveria "pousar" às oito, as pegando em seguida, deu nove, dez e nada de sinal de vida, o celular só na caixa postal cheguei a pensar: _ Jisuis, que bosta não ter TV nessas horas, será que o avião caiu? Já pro UOL Carolina..., não não, claro que o avião só havia atrasado]

Era o pai delas.

_ Carolina, vc está levando a Luiza?

_ Claro né André.

_ Poderia passar numa farmácia pq não estou encontrando meus remédios?

[ele levou um tombo gde ontem e já tem histórico feio de ossos quebrados...]

Claaaaro que a multi-usos, esquece o diálogo com a filha, esquece que está louca pra chegar em casa tomar um banho e arregaçar as mangas pq o dia promete e sai na saga dos remédios.

Agora já é passada a hora de produzir, correr, desenhar, escrever, gar.ga.lhar, pq no fundo essa rotina maluca, mesmo que cansativa, me fascina, é como uma trepada animal, que não espera as roupas serem tiradas romanticamente, como uma surpresa ela te come sem pedir licença, e meninas, quem é que não gosta de um bom cafajeste?

Entonces, lets pro tronco Caruliru-liru-liru

beijos quentes como o termômetro lá fora, prá quem quiser!