Olho para o microondas e o relógio marca 10:45 PM. Abalado pelo caos de uma viagem de quase 5 horas para percorrer míseros 25 km, contrariando qualquer teoria física que relaciona tempo e espaço. Exausto, vejo pela varanda ainda as gotas de água que até bem pouco tempo atrás castigavam nossos ombros, suspiro e penso...
Nasci na Rua Frei Caneca, moro na Zona Leste, sou filho de migrantes que trabalharam nesta terra, meus amigos, meus irmãos e minha família são alguma coisa porque estamos aqui. Tudo que sou o que penso e o que tenho germinou no asfalto desta metrópole maluca e sã, bela e feia, acolhedora e cruel. Esta cidade é como uma amante má que te maltrata em um dia e depois lhe oferece seu seio.
Se esta amante por vezes é má conosco é porque seus tutores lhe privam e lhe maltratam, então, cansada de ser ofendida ela derrama todo o seu ódio, xinga, bate, mas depois chora ao nos ver tristes e cansados desta relação tão paradoxal.
Não sei quanto a você, mas eu amo esta cidade, e digo com orgulho "Sou paulistano mesmo, meu!"
Há 14 anos
Um comentário:
a tal relaçao de amor e ódio, onde fica impossível ser neutro ou indiferente.
meu, meu, meu, ótimo texto [na voz de caroliru-liru-liru]
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